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1º dia do Enem teve textos longos, citação a ‘Admirável Gado Novo’, redação elogiada e abstenção menor

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Érico Andrade/g1

A prova do primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 teve trechos da música “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho, além de canções de Gonzaguinha e Chico Buarque e de perguntas sobre racismo, escravidão, erotização da mulher e questão indígena.

Única parte discursiva e uma das mais temidas do exame, a redação teve como tema “invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”. Professores ouvidos pelo g1 elogiaram a escolha do assunto. Segundo dados mais recentes, o Brasil tem cerca de 3 milhões de pessoas sem nenhum documento.

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O primeiro dia do Enem rendeu algumas cenas inusitadas, como a de um candidato em Cuiabá que se atrasou e se arrastou no chão para poder passar pelo portão que se fechava. Em São Luís, uma estudante atrasada também conseguiu entrar por pouco: ela passou por uma fresta do portão que se fechava.

Teve ainda a história de uma estudante de Teresina que esqueceu a identidade e foi salva por um professor que foi buscar o RG na casa dela. No Recife, uma candidata passou mal e precisou da ajuda de um bombeiro para conseguir entrar no local de prova.

De modo geral, a aplicação do exame ocorreu sem problemas pelo país. Houve contratempos pontuais, como em Teresina, em que candidatos precisaram trocar de local de prova após a fiação da escola onde fariam a prova ter sido furtada. Ou em Maringá (PR), em que a prova foi cancelada em um dos locais devido a quedas de energia. Foi o mesmo problema registrado em uma faculdade na cidade de Escada (PE).

Prova

Foram 90 questões de múltipla escolha divididas entre linguagens, códigos e suas tecnologias e ciências humanas e suas tecnologias. Considerada dentro dos padrões do Enem, a prova testou a capacidade de interpretação dos candidatos ao trazer textos longos.

Alguns candidatos definiram a prova como “intrigante”, “desgastante”, “tensa” e ‘complicada”.

Uma das questões mais lembradas da prova foi a que trazia trechos da canção “Admirável Gado Novo”.

Ao g1, o cantor Zé Ramalho disse ter se sentido “recompensado” ao saber que uma de suas músicas havia sido citada na prova do Enem 2021.

“É uma prova de que essa letra contém situações sociais e políticas atualizadas, acho que para sempre. Desde que o conceito de ‘atualizada’ refere-se à situação também ‘para sempre’ do povo brasileiro”, refletiu Zé Ramalho, em nota enviada ao g1.

Assim como em anos anteriores, o exame focou em temas sociais e trouxe questões que tratavam de escravidão, racismo e questão indígena.

O tema da erotização do corpo feminino foi abordado com a ilustração de uma “pin-up”, que é a designação em inglês que se refere a uma modelo voluptuosa.

A discussão sobre emancipação feminina foi tratada em uma questão que trazia uma charge do cartunista Henfil.

Redação

O tema da redação foi considerado bastante importante por professores ouvidos pelo g1.

Para Maria Aparecida Custódio, professora do Laboratório de Redação do Objetivo, o tema proposto é “da maior relevância”.

“No Brasil, existem pelo menos 3 milhões de pessoas sem certidão de nascimento e nós sabemos que a certidão é imprescindível para que a pessoa possa obter outros documentos, como RG, CPF, a carteira profissional, o cadastro do SUS, entre outros documentos, que possibilitam que obtenha benefícios garantidos pelo governo federal, como também possa exercer a sua cidadania e, inclusive, votar”, afirma.

Na avaliação de David Gonçalves, coordenador de redação do Colégio e Curso AZ, diz respeito a um assunto que tem ganhado cada vez mais espaço.

“Talvez não seja tão popular quanto outros que já caíram no Enem, mas é um debate que vem crescendo ao longo do tempo, sobretudo porque, com frequência, há algumas ações por parte do governo de registrar essas pessoas que, eventualmente, não foram registradas por alguma razão”, afirma.

Alguns alunos consideraram o tema difícil e não conseguiram fazer o texto, como relatou uma estudante de Porto Velho.

Abstenção em queda

Dos 3,1 milhões de inscritos no exame, 26% faltaram à prova neste domingo, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação da prova.

O índice de abstenção é menor do que o registrado no primeiro de prova do Enem 2020, de 51,5%. Na ocasião, o país passava por um momento mais crítico da pandemia de covid e muitos candidatos desistiram de fazer a prova.

Segundo o Inep, a taxa de candidatos que não compareceram ao Enem 2021 foi maior entre aqueles que optaram pela prova digital: 46,1% de abstenção, contra 25,5% que deixaram de fazer a prova impressa.

Crise no Inep

A aplicação da prova ocorreu em meio a uma crise no Inep, com o pedido de demissão em massa de servidores e denúncias de tentativa de interferência do governo federal na elaboração da prova.

Em entrevista à imprensa após o exame neste domingo, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou qualquer ingerência na prova e disse que o Enem deste ano segue “o mesmo padrão” de edições anteriores.

Sobre a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, ao comentar a crise no Inep, disse que as questões do Enem “começam agora a ter a cara do governo”, o ministro afirmou que “tentaram politizar a prova”.

“Sobre a cara do governo, vocês puderam notar que o Enem segue o mesmo padrão nas provas”, disse o ministro. “Foi uma narrativa, tentaram politizar a prova e não teve nenhuma interferência. Talvez, se tivesse, algumas perguntas talvez não estariam ali”.

fonte: Gazetaweb

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