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Após pandemia, aprendizado no Brasil piora em todos os níveis escolares

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Foto: Reprodução/Pixabay

Com escolas fechadas e a implantação do ensino remoto em meio à pandemia, o Brasil registrou piora no aprendizado de estudantes em todos os níveis escolares. Os resultados são do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021 e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2021, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Esses são os primeiros indicadores desde o início da crise sanitária. Mesmo diante da necessidade de um diagnóstico das perdas de aprendizagem, o ministro da Educação, Victor Godoy, afirmou que os dados devem ser interpretados com cautela, pois podem apresentar uma visão distorcida sobre a realidade da educação no país. “Tivemos perdas decorrentes do longo período de escolas fechadas e dificuldades históricas enfrentadas no sistema de ensino em razão da pandemia”, disse.

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A etapa que sofreu o maior impacto, de acordo com o Saeb, foi a da alfabetização. A pontuação obtida pelos alunos do 2º ano do ensino fundamental em língua portuguesa caiu de 750 pontos, em 2019, em média, para 725,5. As pontuações são distribuídas em 8 níveis, de acordo com os conteúdos aprendidos. A queda de 24,5 pontos entre um ano e outro significa que a média brasileira caiu em um nível. A proporção dos estudantes do 2º ano nos três primeiros níveis, ou seja, que não conseguem sequer ler palavras isoladas, passou de 15,5% em 2019 para 33,8%, em 2021. Na outra ponta, a parcela daqueles no nível 8, o mais alto, caiu de 5% para 3%.

Em matemática, a percentagem dos estudantes nos três primeiros níveis passou de 15,9% em 2019 para 22,4% em 2021. Esses alunos não são capazes de resolver problemas de adição ou subtração. A média nacional recuou de 750 pontos para 741 pontos. Nessa etapa, as provas são aplicadas de forma amostral, a apenas um grupo de estudantes de escolas públicas e particulares.


Segundo a coordenadora-geral do Saeb, Clara Machado, os dados permitem entender o que aconteceu no período de pandemia para planejar a melhor intervenção na alfabetização, que é o principal ponto de atenção. “Não foge do esperado. A gente sabe que, para a faixa etária nessa especificidade da alfabetização, a mediação presencial é especialmente importante”, afirmou.

O Saeb é uma prova bienal, de português e matemática, que deve ser realizada por todos os alunos do 5º e do 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio no Brasil. Por causa da pandemia, o índice de comparecimento foi de 71,25%, segundo o Inep. A participação maior foi dos estudantes do 5º ano, com 76,9%. A porcentagem geral é considerada muito baixa por alguns estatísticos. O último exame, em 2019, contou com 80,99% dos alunos do país.


Segundo Lucas Hoogerbrugge, líder de Relações Governamentais do Todos Pela Educação, o levantamento mostra uma queda de proficiência do ponto de vista de aprendizagem em todo o país, mas ao mesmo tempo chama atenção por uma baixa taxa de participação, o que indica que a defasagem de aprendizagem pode ser ainda maior. “Existe uma teoria de que os estudantes que deixaram de realizar a prova são justamente aqueles em maior situação de vulnerabilidade e mais prejudicados. Isso pode significar que a situação pode ser, inclusive, um pouco pior, por isso é preciso muita cautela para que esses dados não levem a conclusões equivocadas”, avaliou.

Distorções – A orientação do Conselho Nacional de Educação (CNE) de não reprovar alunos durante o fechamento de escolas na pandemia causou uma distorção no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal termômetro da qualidade da educação brasileira. Apesar de uma queda generalizada de aprendizado, o indicador de 2021 cresce


O Ideb 2021 do país no ensino médio foi de 4,2, ante 3,9 em 2019. Apesar do aumento no índice, o desempenho dos estudantes piorou em matemática, matéria em que a nota passou de 278,5 para 271. Já em português, foi de 279,5 para 275,9. A taxa de reprovação nessa etapa caiu de 10% para 4,6%. O mesmo aconteceu com os anos finais do ensino fundamental, do 5º ao 9º ano, faixa em que o Ideb subiu de 4,7 para 5,1 em 2021.

O índice relaciona as taxas de aprovação escolar com as médias de desempenho em língua portuguesa e matemática dos estudantes no Saeb. Em decorrência do incentivo contra a evasão escolar, a taxa de aprovação nos anos finais do ensino fundamental em 2021 ficou em 95,2%, comparada aos 88,6% de 2019, antes da pandemia. “A mudança brusca observada nas taxas de aprovação faz com que a interpretação do Ideb 2021 esteja dissociada da série histórica do rendimento e seja entendida sob a ótica das mudanças sociais, psicológicas e econômicas derivadas da pandemia da covid-19”, informou o Inep, em nota técnica.


O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luis Miguel Martins Garcia, frisou que o resultado final deve ser observado com muita cautela. “É necessário evitar o uso do Ideb 2021 para qualquer tipo de leitura de resultados educacionais, comparações ou ranqueamentos, pois o mesmo não se apresenta como uma medida tecnicamente adequada e apropriada, podendo gerar uma interpretação equivocada e uma falsa ideia de que não houve perda de qualidade no ensino no período”, disse.

Ele afirmou ainda que os resultados do Saeb oferecem exatidão, possibilitando uma comparação mais confiável. “É importante que as redes municipais se debrucem sobre os resultados de suas escolas, reunindo os profissionais da educação para analisar o impacto da pandemia na aprendizagem dos alunos, a partir de leituras comparativas com as edições anteriores. Dessa forma, será possível subsidiar o planejamento de ações interventivas que venham a suprir a defasagem das aprendizagens das crianças e adolescentes decorrente do período pandêmico.”

DF em destaque – O Distrito Federal foi a segunda unidade da Federação com melhores resultados do Ideb para os anos iniciais do ensino fundamental, com nota 6,4. A capital teve desempenho acima da média nacional, de 5,8 e perdeu apenas para Santa Catarina, que tirou 6,5. Ceará e São Paulo ficaram em 3° lugar, com 6,3.

O aumento de aprovação entre 2019 e 2021 se deu por as escolas seguirem a recomendação do CNE de não reprovar os alunos durante a pandemia. “Não significa que o ensino melhorou. Esses resultados devem ser olhados com muita cautela, em função dos desafios enfrentados durante a pandemia, sobretudo as desigualdades e a dificuldade de acesso ao ensino remoto”, disse a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, Patrícia Mota Guedes.

Em comparação com os demais estados do país, o DF obteve o menor rendimento nos anos finais do ensino fundamental, ficando em 9° lugar. Já no ensino médio, a capital federal ficou na quinta colocação, com nota 4,5.

O Ideb apontou, ainda, que os índices de proficiência em matemática e português caíram no DF em 2021. De acordo com o Saeb, a rede pública apresentou queda de aprendizagem em cinco das seis tabelas referentes aos ensinos inicial e médio. Segundo a Secretaria de Educação do DF, os resultados eram esperados, e a pasta afirmou estar atuando fortemente para que os estudantes recuperem o aprendizado impactado pela pandemia.

fonte: tnh1

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