Sob críticas do Movimento Negro, o governador Renan Filho (MDB) publicou, no Diário Oficial do Estado (DOE) desta terça-feira (23), o projeto de lei a ser protocolado na Assembleia Legislativa (ALE) em que é criada a reserva de 30% de vagas à população negra nos concursos públicos lançados pelo Estado. O problema é que a medida chega atrasada, levando em consideração que os maiores certames foram lançados em 2021 sem esta previsão.
O chefe do Executivo anunciou a ‘novidade’ nas redes sociais no Dia da Consciência Negra. Não demorou muito para as reclamações surgirem. O perfil Pretitudes repostou a mensagem do governador, com comentário de que a população negra não era otária.
“Eu tento não me surpreender com a capacidade deles, mas todo dia inovam. Fizeram diversos concursos esse ano, por que não adiantaram essa lei antes? Rs. A branquitude acha que nós pretos somos otários, né? De que adianta esse projeto quando Alagoas já lançou quase todos seus concursos, e os maiores: saúde, segurança e educação, agora em 2021? Esse antirracismo é vazio”, escreveu o administrador do perfil no Instagram e no Twitter.
Seguidores também aproveitaram para criticar Renan Filho, com o argumento de que o projeto de lei, apesar de ter sido anunciado em uma data simbólica, não terá grandes reflexos na prática, levando em consideração que o Estado pode demorar para abrir novos concursos importantes e com grande número de vagas disponíveis.
A proposta reserva à população negra 30% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos e, nos processos seletivos simplificados para contratações temporárias de excepcional interesse público no âmbito da Administração Pública Estadual, Executivo e Legislativo, das Autarquias, das Fundações Públicas, das Empresas Públicas, das Sociedades de Economia Mista sob controle do Governo do Estado de Alagoas.https://4f6524364577c797406f171405aabd36.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Na mensagem que encaminhou ao deputado Marcelo Victor (SD), presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, o governador justificou a medida como uma estratégia de combate ao racismo, considerada uma “triste realidade e que atua de forma dinâmica em todos os campos da sociedade brasileira, sendo a principal delas, e não menos grave, a restrição de oportunidades de ocupação e empregabilidade”.
“Neste sentido, a presente minuta é uma tentativa de atacar este, atacar o racismo da Administração Pública ampliando no espaço dos cargos/ empregos públicos a presença negra (pretos e pardos, segundo o IBGE), neste lócus que deveria ser, realmente, público, ou seja, representar estatisticamente e, por que não, visualmente a população brasileira como um todo, espelhando de forma mais fidedigna todos os contribuintes em seus servidores”, completou Renan Filho.
fonte: Gazetaweb