Mais de 11% da população adulta de Maceió declarou ter sido diagnosticada com depressão em 2021, ano marcado pelo isolamento social em decorrência da pandemia da Covid-19. Os dados, que constam da Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde (Vigitel) do Ministério da Saúde, apontam que a capital alagoana foi a 4ª do Nordeste com o maior índice de pessoas que tiveram a doença confirmada no período.
O medo do novo e desconhecido, a incerteza, o uso de máscaras, o distanciamento das pessoas e a preocupação com os parentes mais próximos, em especial os mais idosos, fizeram com que muitas pessoas, que já tinham tendência para ansiedade e depressão, perdessem o controle da situação e se vissem diagnosticadas com essa doença.
De acordo com a psicóloga Laurianny de Lima Cavalcante, a pandemia impactou muito o lado psicológico dos seres humanos, que tinham um padrão de costume, de rotina e, de repente, se depararam com a Covid-19.
“Nos deparamos com a doença, com o uso de máscara, com mortes e com incertezas, pois aqueles 15 dias de isolamento acabaram se arrastando. Com tudo isso, houve um aumento dos casos de depressão e ansiedade, principalmente pela questão da incerteza em relação ao futuro, ao que iria acontecer, e ao medo de morrer ou de perder alguém próximo para a doença. Cada pessoa encara o risco de uma forma diferente, mas para todas, na verdade, acredito que a pandemia foi muito desafiadora”, afirmou a psicóloga.
CAPITAIS
De acordo com a pesquisa, um total de 11,26% das pessoas maiores de 18 anos entrevistadas afirmaram terem sido diagnosticadas com depressão ao longo de 2021. O cenário apontado pela pesquisa Vigitel mostra a capital alagoana como a 4ª maior do Nordeste em percentual de pessoas adultas com depressão no período.
Recife-PE foi a que apresentou o maior índice da região, com 12,46%, seguida de Natal-RN (11,75%) e Fortaleza-CE (11,45%). Quando comparado com as demais capitais do país, Maceió ocupa a 11ª posição com o maior percentual de adultos diagnosticados com depressão no ano passado. O topo do ranking ficou com Porto Alegre-RS (17,49%), seguido de Belo Horizonte-MG (11,45%) e Florianópolis-SC (17,08%). O menor percentual foi registrado na capital Belém-PA, com um índice de 7,19%.
“Diante da pandemia, tiveram as pessoas que não conseguiram dar conta da nova rotina e isso se transformou em patologia. É claro que são muitos os gatilhos para que algo se transforme em patologia. Ninguém fica ansioso e nem depressivo do nada. Então acontece algo que é aquela cereja do bolo, que realmente faz com que seja um gatilho e que a doença literalmente se expanda. A pandemia contribuiu muito para as pessoas que já eram ansiosas ficarem ainda mais ansiosas e pessoas que tinham tendência depressiva, passaram a ser diagnosticada com a depressão, por não estarem conseguindo lidar com o todo”, completa a profissional.
Mulheres foram mais afetadas ou buscaram mais ajuda?
Do total de pessoas ouvidas, a maioria das que tiveram resultados positivos para a doença foram as mulheres, que tiveram que lidar com as aulas virtuais dos filhos em casa, com o trabalho em home office e com todas as demais atribuições sem sair de casa. Segundo o Ministério da Saúde, entre as pessoas do sexo masculino ouvidas durante a pesquisa, 8,85% tiveram o diagnóstico para a doença. Já o percentual das mulheres chegou a 13,22%.
Para Laurianny, as mulheres, de fato, foram bastante afetadas pela pandemia. Além disso, elas se permitem sentir mais e se perceberem, buscando ajuda quando necessário, diferente dos homens, que muitas vezes encaram problemas psicológicos como bobagem.fonte: gazetaweb