Na manhã desta segunda (13), servidores do Poder Judiciário de Alagoas se reuniram na Praça Deodoro, em frente ao Tribunal de Justiça do Estado, para protestar por reajuste salarial, levando-se em conta perdas inflacionárias. O ato faz parte de uma paralisação gradativa dos servidores, que acontecerá entre os dias 13 e 17 de dezembro.
O presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de Alagoas (Serjal), Luciano Martins, explicou as razões para a paralisação, frisando que os servidores não têm reajuste salarial desde 2018.
“Esse movimento é pela implantação da nossa data-base, reposição de inflação do ano de 2019. A última reposição de inflação que os servidores do Judiciário tiveram foi a de 2018. Então, nós temos 2019, 2020 e está terminando 2021 sem reajuste nenhum. A gente quer apenas o que a Constituição diz, que é reposição da inflação do ano. E isso nos está sendo negado”, afirmou.
Luciano Martins, presidente da Serjal – Foto: Clariza Santos
Luciano reclama da falta de diálogo para se chegar a um acordo. Segundo ele, este já é o terceiro ato dos servidores.
“Não chamam nem pra negociar, por mais tentativas de diálogo que nós tentamos, de todas as formas. Fizemos dois atos na frente da Assembleia Legislativa, esse é o terceiro ato aqui na frente do Tribunal de Justiça, e a resposta que a gente tem de lá é o silêncio. O tribunal não deu nenhum pronunciamento”, disse Luciano.
Segundo ele, a data-base foi aprovada em Assembleia e nas comissões, mas, no dia em que iria para a ordem do dia, a fim de ser votada, estacionou no gabinete do presidente da Assembleia, o deputado Marcelo Vitor (Solidariedade), enquanto os reajustes dos Poderes Executivo e Legislativo e do Tribunal de Contas foram aprovados.
“A data-base passou, foi aprovada por unanimidade aqui no início de 2021, foi para a Assembleia Legislativa, passou em três comissões e, quando estava prestes a ir pra ordem do dia, pra votar e ser implantado pelo governador, parou no gabinete do presidente da Assembleia. E aí a gente ficou sem entender e, nesse meio tempo, foi aprovado o do Poder Legislativo, do Poder Executivo e do Tribunal de Contas. Só a nossa ficou parada. Depois de muito tempo, a gente soube que tinha sido por conta de um pedido aqui do presidente. Já tentamos conversar com o presidente, que não quer receber a gente”, revelou Luciano.
Ainda de acordo com Luciano, o argumento usado não é válido, pois a reivindicação não é por aumento de salário, mas por uma reposição de inflação dos últimos dois anos.
“O argumento que eles usam que é a lei complementar 173 que diz que é inconstitucional não procede, porque não é aumento de salário, é reposição de inflação, e outra coisa, a lei complementar é de maio de 2020. Nós estamos reivindicando agora 2019, então não pode retroagir pra prejudicar o servidor. É um monte de absurdo um em cima do outro sabe? O servidor se sente absolutamente humilhado, desprezado pela direção do próprio tribunal, que é Tribunal de Justiça, mas não faz justiça com os seus servidores. Aproximadamente dois mil servidores”, disse.
Luciano diz que a proposta dessa paralisação é para tentar reaver o diálogo, visando continuar as negociações de modo que os servidores conquistem seu reajuste.
“Essa paralisação inicialmente é um ato pra ver se a gente consegue reaver o diálogo. Alguma proposta concreta, o tribunal não pode simplesmente silenciar e a gente ficar a ver navios. A gente quer ouvir alguma coisa. E tem o indicativo de paralisação até o final da semana, que é quando o tribunal entra em recesso. Estamos abertos ao diálogo”, completou o presidente do Serjal.
De acordo com os organizadores da paralisação, serão mantidos somente os serviços urgentes nesse período de cinco dias. Após o protesto desta segunda, os servidores voltarão as suas bases de trabalho, tanto em Maceió, como no interior, e seguirão com manifestações em frente às suas respectivas unidades judiciárias.
A reportagem tenta contato com a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça.
FONTE: GAZETAWEB